
A
corrida de rua vem se apresentando uma modalidade esportiva popular,
com grande número de adeptos tanto profissionais como amadores e porque
não dizer, recreacionais, por ser um esporte de baixo custo e de fácil
adaptação, porém essas facilidades podem se tornar prejudiciais quando
sem orientação e realizado de forma inadequada, levando assim a um
aumento na incidência de lesões associadas à sua prática.
Os trabalhos que buscam esclarecer a etiologia de seus
riscos, são escassos, e o interesse da literatura internacional não tem
se restringido exclusivamente aos corredores de elite, mas também às
pessoas com atividade de treinamento moderado, denominados, corredores
amadores ou recreacionais com prevalência variando entre 14 e 50% ao
ano.
Nenhuma pessoa se move da mesma forma e cada um tem suas
próprias características e particularidades. O tipo de pé não determina o
tipo de pisada, apesar de haver alguma relação entre as duas
avaliações, uma vez que o pé é a interface com o solo durante marcha, as
diferenças na estrutura do pé podem resultar em diferenças na mecânica
de todo o membro inferior.
Na biomecânica normal da corrida, a face lateral do pé toca
o solo primeiro, com a tíbia em rotação externa. Durante a fase de
apoio, o peso do corpo é distribuído ao longo do pé e a tíbia realiza
rotação interna, levando a uma rápida inversão e pronação do calcâneo,
que dissipa as forças de contato, essas forças variam de aproximadamente
1,5 a 5 o peso corporal. Corredores tocam o pé no solo aproximadamente
600 vezes por km. Já a biomecânica da corrida de longa distância se
difere pela a distância percorrida, diferença de superfície e
características da prova.
Essas cargas mecânicas possuem dois aspectos importantes:
primeiro, a intensid
ade da carga, neste caso o estresse local durante um
ciclo da passada, e segundo, o volume da carga, ou seja, o número de
repetições dessas cargas, ou ainda a freqüência de passada e o tempo de
duração com essa freqüência de estresses.
Um dos mecanismos mais freqüentes de lesão em corredores é o
uso excessivo (overuse). Provavelmente, se relacionam com quaisquer
alterações na biomecânica da corrida, e mesmo a ocorrência de lesões
traumáticas parece estar relacionada à disfunção da marcha,
principalmente devido à perda da habilidade de adaptação à superfície.
Foi o que HARDIN, 2004 observou em seu estudo que alterações cinemática
tanto pode ocorrer como uma resposta direta às condições mecânicas ou
alteradas ao longo do tempo como adaptações ativas.
HjrelJac, 2000 afirmou que todas as lesões por overuse são
erros de treinamento, pois o atleta deve ter excedido seu limite de
distância percorrida e/ou intensidade. E que as forças que são
repetidamente aplicadas ao corpo abaixo do limite de resistência e em
tempo de recuperação adequado podem levar ao remodelamento positivo de
uma estrutura. Por outro lado, se houver insuficiência no tempo de
descanso entre as forças aplicadas podem resultar uma lesão de esforço.
Alguns autores correlacionam essas lesões com fatores
associados como a idade, sexo, IMC, freqüência e volume de treinamento,
lesões anteriores entre outras. Porém há divergências sobre quais e como
esse fatores podem influenciar no aparecimento ou agravo dessas lesões.
Estudo recente observou que o aumento do volume de treinamento não é
acompanhado do aumento da freqüência de lesões, o que diferente da
literatura. Fredericson, 2007 que afirma que corredores de longa
distância são um dos maiores fatores de risco associados à lesão, assim
como qualquer aumento súbito de quilometragem, ou na alteração no volume
de treino ou intensidade. Sendo o treinamento é um fator de risco
modificável, corredores não devem ultrapassar 64 km/semana.
Middelkoop, 2007 e vários outros estudos relatam que
episódios de lesão anterior seja um fator de risco para lesões futuras
em corredores, devido a uma recuperação pobre.
O local mais afetado na extremidade inferior de longe é a
articulação do joelho (50,0%), seguido do pé (39,3%), parte superior da
perna (38,1%) e perna (32,2%). E os locais menos acometidos foram os
tornozelo (16,6%) e do quadril / pelve (11,5%).
Em conclusão de uma revisão, ELLA W, 2009 relata que a
redução da distância, freqüência e duração de corrida pode prevenir
lesões musculares da extremidade inferior associados à corrida.
A falta de informação pode ser considerada como importante
fator para a gênese das lesões desportivas, conseqüentemente, o
entendimento dos fatores predisponentes contribui de forma significativa
para prevenção das mesmas.
Este estudo busca na literatura recente informar as
principais lesões provenientes da corrida de rua correlacionando os
fatores de risco juntamente com conhecimento do tratamento preventivo.
Bons treinos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário