Nem sempre a quebra é resultado de um treinamento ruim. Muitas vezes ela ocorre por pequenos deslizes cometidos pelos competidores antes ou durante a competição
A "quebra" é um termo comum entre os praticantes da corrida, mas
afinal o que ele significa e por que ocorre? A quebra é uma perda de
rendimento que pode ocorrer por razões físicas e psicológicas em
qualquer momento de uma competição ou treinamento.
Mal começou a prova e aquela sensação de dor nas articulações começa a
acometer o corpo, a vontade de fazer xixi atrapalha a concentração e é
frustrante ver os outros competidores fazendo a ultrapassagem. Alguns
esportistas se identificam com essa situação e acabam colocando a culpa
no treinamento.
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Quebra pode ser ocasionada por alimentação inadequada. Foto: Cultura/ZUMAPRESS/Fotoarena |
Saiba que esses são alguns sintomas que um grande deslize ocorreu na
hora da prova, alimentação ou hidratação, mas não propriamente no
treino. A quebra pode acontecer com qualquer um, mas raramente ocorrerá
com quem treinou adequadamente.
Fora dos planos - “O principal fator de perda de desempenho é
executar coisas que não foram treinadas. Aumentar a velocidade para
diminuir o tempo pode ser uma boa ideia no início, mas quando o final do
percurso se aproxima, o corpo começa a cobrar”, conta o fisiologista do
exercício e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo),
Paulo Roberto Correia. De acordo com ele, a competição é uma prova do
que se treinou.
Outro fator que costuma atrapalhar a performance é a ingestão de
alimentos, bebidas ou suplementos que o corpo não está habituado. “Para
relaxar o músculo, muitos decidem fazer uma massagem profunda antes de
um grande evento. Acontece que essa tensão colocada no músculo pode
causar desconforto nos primeiros dias, comprometendo o resultado”,
explica Paulo.
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Energéticos não melhoram o resultado. Foto: Cultura/ZUMAPRESS/Fotoarena |
Dentro da squeeze - Para aguentar o esforço produzido pelo corpo,
a hidratação é fundamental, mas nem sempre ela é feita da forma
adequada. “Não adianta querer tomar bastante água na linha de largada. A
hidratação é algo que tem que ser feita diariamente, sempre acompanhada
da ingestão de vitaminas e sais minerais presente na comida e
isotônicos”, ressalta o fisiologista.
Além disso, correr com a barriga cheia de água pode causar desconforto,
mas a falta de hidratação também pode ocasionar problemas. “Alguns
corredores optam por não tomar água para evitar a sensação do líquido
chacoalhando no estômago. Esse é só mais um motivo para a diminuição do
rendimento”, completa o profissional.
De cama - A sequência de provas e treinamentos pode ocasionar a
baixa da imunidade do organismo, facilitando a entrada de alguns vírus,
principalmente o da gripe. Depois de ficar um tempo longe dos pares de
tênis, a melhor escolha é voltar aos treinos antes de voltar às
competições. “Esse caso ocorre da mesma forma no atleta de final de
semana: o corpo perde toda a potência e precisa ser revigorado
novamente”, diz Paulo.
Para os corredores teimosos que não abandonam a competição mesmo depois
de uma lesão, a recomendação é a mesma. “Nesse caso, ou ele termina a
prova com o problema agravado ou começa a sentir fortes dores na reta
final e abandona o percurso”, conta o fisiologista.
Energéticos - Gel de carboidrato, isotônicos e energéticos são
praticamente itens básicos no “coquetel” de preparação para provas de
grande distância. Enquanto os dois primeiros realmente ajudam o
organismo a se recuperar, o último somente ilude o atleta.
“Energéticos aceleram o ritmo cardíaco e a oxigenação no sangue, por
isso dão a sensação de que o corpo consegue correr mais do que realmente
aguenta”, afirma Paulo. Esse sintoma faz com que os músculos sejam
estressados ao extremo, levando à quebra.
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